terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Linha do tempo do Globo de Ouro

12/1972: Estréia - Ao vivo em dezembro de 1972, criado para tapar o buraco deixado por Chacrinha na grade global, que estreava na Tupi. Dali em diante, edições eram às quartas-feiras de forma mensal. Eram compostas pelas 10 músicas mais tocadas nas rádios daquele mês, cada artista gravava sua música de forma isolada, ou seja, não era ao vivo. Apresentação (em rodízio) de Antõnio Marcos, Vanusa, Jerry Adriani, Sandra Bréa, Wanderley Cardoso, Odair José e Murilo Nery. Tinha como quadros,os "Grandes lançamentos do mês" e o "Hit parade do passado" Em 13/12/1972 marcou 57.2 de audiência no Rio de Janeiro contra 18.9 da Tupi.


03/1973 - Apresentação de João Lorêdo. Ao longo do ano, foram exibidos quadros como "O Som das paradas", "O som dos disc-jóqueis", "O som dos artistas", "O som das discotecas", entre outros.


03/1974 - Apresentação de Aloysio Legey. Arranjos musicais diferentes dos discos para evitar cansaço do público. Para músicas que ficassem muito tempo nas paradas, arranjos musicais e coreografias diferentes a cada apresentação. Pouco depois, ficou sem apresentação, tendo apenas vinhetas dos números de 1 a 10 com o nome da música em off ao fundo.

1975 - No fim do ano, houve um Globo de Ouro especial premiando os destaques do carnaval de 75.

1976 - Mesmo esquema de exibição, mas passa para as sextas-feiras. Apresentação de Walter Lacer com platéia (grupos de estudantes convidados para as gravações no Teatro Fênix). Em agosto, com o fim do Programa Silvio Santos, passou a ser exibido aos domingos por um ano.

1977  - Passa a ter participação de auditório variado, sendo gravado antecipadamente com apresentações seguidas. Apresentação de Tony Ramos e Christiane Torloni. O primeiro colocado na parada passou a ganhar um prêmio, entregado pelos apresentadores. Único ano do quadro "Saudade não tem idade", que recordava sucessos do passado. Foi pros domingos a tarde (16h30).

1978 - Volta pras quartas-feiras, sempre na última do mês. Se houvessem 5 quartas, seria exibida uma parada internacional.

1979 - Volta pras sextas-feiras.

1980 - Reprises dos melhores momentos dos anos anteriores dos programas no começo do ano. A partir de maio, esquema normal.

1981 - Sem oportunidade nas possíveis 5ªs sextas do mês. Passa a ter direção de Márcio Antonucci com apresentação de Dennis Carvalho e Myrian Rios. O quadro "Geração 80", estreado timidamente no ano anterior, passa a ter apresentação de Nadia Lippy e Kadu Moliterno, com músicas destinadas ao público jovem. 

1982 - O quadro "Geração 80" passou a ser apresentado de forma isolada aos domingos. Acumulado a média geral da faixa "Sexta Super" em geral, foi o 7º programa mais visto do ano.

1983, 1984 e 1985 - sem mudanças no formato

1986 - Maurício Nunes assume a direção do programa. Sai Dennis Carvalho e entra Lauro Corona.

01/1987 até 03/1987 - Ao invés da reexibição das mais tocadas do ano, o programa fica fora do ar.


Exceção de um especial em 01/1987, de sucessos internacionais no Brasil, dedicado especialmente ao jazz.


04/1987 - Volta com Isabela Garcia e César Filho com direção de Dennis Carvalho. Mostrava, além das mais tocadas, as mais pedidas em cada região do país. Parte das músicas passou a ser gravada sem playback. O cenário, que era um palco, se transformou numa arena circular com arquibancadas mais próximas do artista.

1988 - Volta a ser semanal e ao vivo, sendo exibido nas tardes de domingo. Os três primeiros domingos do mês eram formados pelas 3 músicas mais tocadas no país + A música mais pedida em cada região do país (5 músicas). No último domingo eram exibidas as mais tocadas no mês nacionalmente. As arquibancadas foram ampliadas permitindo mais telespectadores nas gravações. Em setembro, Cláudia Abreu assume o posto de Isabela Garcia, que foi se dedicar inteiramente às gravações de Bebê a Bordo.

1989 - Em janeiro, volta para as quartas, com Cláudia Raia e César Filho. Em março, Isabela Garcia e Guilherme Fontes, recém saídos de Bebê a Bordo ficam à frente do musical. A direção também muda: Maurício Tavares é quem assume o posto. O quadro "Saudade não tem idade" volta ao programa, juntamente a outro ligado a datas especiais (Os 35 anos do rock, por exemplo). Em setembro, Guilherme Fontes foi substituído pelo locutor de rádio Jimmy Raw. Outros quadros vieram com o locutor: "Flashback", músicas antigas que marcaram época; "Grandes encontros", onde artistas realizavam duetos e "Homenagem ao compositor", com canções de grandes nomes da música brasileira cantadas pelos artistas da época.

1990 - Direção passa a ser de Roberto Talma e Boninho. O último programa do ano foi apresentado por Adriana Esteves e Jimmy Raw, com as 18 atrações musicas mais bem avaliadas no ano.

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Imagem de VIVA Play

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Os primeiros programas infantis da Globo

Hoje resolvi fazer um post sobre os primeiros programas infantis da Globo. Mas não vou falar sobre aqueles programas batidos, tipo Vila Sésamo ou Globinho, embora esse último até mereça um post futuramente. Vamos falar daqueles esquecidos, que estão nas profundezas do conhecimento televisivo. Chega desse prólogo chato e sigamos ao que interessa:

UNI DUNI TÊ
Começando bem do começo (rs), o Uni Duni Tê não foi só o primeiro programa infantil da Globo como foi também o primeiro programa a ser exibido pela emissora como um todo. Entrando no ar pontualmente ás 11 da manhã no dia 26 de abril de 1965, a professora Fernanda Barbosa Teixeira, a Tia Fernanda para os íntimos, dava lições, brincava, lanchava (característica marcante era o constante copo de leite bebido na refeição) e rezava com os seus alunos. Tudo bem simples, com um cenário de sala de aula comum: o quadro negro e as carteiras escolares feitas de madeira marcavam presença na cenografia. Fernanda viajou aos Estados Unidos com a produção do programa para fazer um estágio após o processo de seleção para escolher a professora da atração. Ela não era o único adulto presente na sala de aula: o maestro Armando Ângelo atendia por senhorita música (???), sempre junto ao seu piano atendendo aos chamados das crianças. Essas, por sua vez, podiam enviar cartas e desenhos a produção. O horário sempre foi muito incerto, mas durante quase 4 anos, a aula era certa de segunda a sexta-feira. Saiu da grade em 31 de dezembro de 1968.

CAPITÃO FURACÃO
Uni Duni Tê não foi a única estreia daquele dia. O fim de tarde reservava mais uma surpresa para  o público infantil. E que surpresa! Quem entrava no ar de segunda a sexta, sempre às 17h era o capitão Furacão, personagem interpretado durante 6 anos por Piettro Mário. Os próximos 120 minutos ficavam por conta de suas histórias nas viagens que havia feito e desenhos animados, e o sucesso foi imediato. O público podia fazer parte da tripulação: ao enviar para a produção uma foto e rótulo de um produto dos patrocinadores da atração (na época Confeitaria Gerbô e calças Furacão), era recebida uma carteirinha de grumete. Em um mês, 3 mil crianças já haviam entrado para o clube (Ao final, eram mais de 10 mil). Caravanas eram organizadas com destino aos estúdios para crianças verem o programa e interagir com o capitão. A partir de 1967, Elizangela (sim, a atriz) entrou como apresentadora, sendo a fiel assistente de Furacão. A cenografia era basicamente a cabine do navio do capitão, com um figurino inconfundível: jaqueta azul e quepe, além de uma longa barba branca. Havia "platéia" para realização de gincanas, que junto com as histórias logo foram sendo diminuídas afim de priorizar a exibição dos desenhos e curta-metragens, mas mantendo as lições e incentivos educativos dos apresentadores. O encerramento ficava a cargo do Capitão, sempre com um "Sempre alerta e obediente". Capitão Furacão foi o 1º grande sucesso de audiência da TV Globo, sendo dirigido e produzido por Hélio Tys. Saiu do ar em 31 de dezembro de 1970.

ZÁS-TRÁS
A estreia de Zás-Trás se deu também em 26 de abril de 1965 - porém era exibido apenas em São Paulo pela TV Paulista, com apresentação de Márcia Cardeal e Aristides Molina, o "Titio", um "herói" do programa. A redação era de Renato Correia e Castro com direção de Renan Alvez, tendo como fórmula brincadeiras e desenhos animados. Apenas praticamente 4 anos depois da sua estreia, em 7 de abril de 1969 começou a ser transmitido para os cariocas, sempre de segunda a sexta na faixa das 11h30 da manhã com uma hora de duração. Nesse período, o núcleo de produção se transferiu para o Rio de Janeiro, deixando Márcia de lado e colocando Ted Boy Marino à frente da atração, apresentando apenas filmes e desenhos animados. Em 31 de julho de 1970 o programa abandonou a grade e só retornou em 3 de julho de 1972 no horário das 16h, onde era exibido de segunda a sexta com 2h15min de duração. Márcia voltou a apresentação ao lado de Guto (?). O tempo era basicamente preenchido por seriados estrangeiros como "Terra de Gigantes", "Túnel do Tempo", "Tarzan", "Bip Bip Show" e "Família Dó Ré Mi". Alguns seriados já eram exibidos a cores de forma experimental, mas a fase durou pouco: Em 20 de outubro foi encerrada, e deu seu lugar ao sucesso Vila Sésamo.

O MUNDO MÁGICO DE ALAKAZAN
Com estreia em 2 de maio de 1965, e permanecendo sempre às 18h30 do domingo, o programa produzido por Paulo Monroe tinha meia hora de duração, sendo dividido em duas partes: a primeira era feita nos Estados Unidos com a apresentação de um show de mágica, e a outra ao vivo do estúdio B da Globo, como um programa de auditório apresentado por Hélio Ribeiro, tendo participação de crianças e palhaços que brincavam com a platéia. Saiu do ar ainda em dezembro daquele ano.


CLUBE DO TITIO
Estreou em 2 de fevereiro de 1966, sendo exibido sempre aos sábados, com horário variado, mas se mantendo às manhãs, tendo sido o mais constante entre 12h e 13h. Gravado no auditório da TV Globo, o programa também distribuía prêmios aos telespectadores. Teve sua última exibição em 2 de novembro de 1966.












AS AVENTURAS DE EDUARDINHO
Simplesmente ninguém sabe que dia estreou, mas foi em 1966. Originalmente exibido na TV Excelsior com idealização de Vicente Sesso, o seriado passou a ser produzido pela Globo naquele ano e exibido aos sábados às 19h. A trama envolvia situações da atualidade da época com folclore nacional e internacional, com crianças que a cada episódio encontravam personagens históricos ou escritores famosos após longas aventuras. Praticamente um plágio do Sítio do Picapau Amarelo, Cada episódio contava com participações especiais de diversos atores, além do elenco fixo. Foi a estreia do ator Marcos Paulo na TV Globo, com Dennis Carvalho interpretando o personagem-título. As gravações eram feitas em São Paulo e editadas no Rio de Janeiro. Saiu do ar em 1968.



LILICO & COCÉGAS
Programa de humor voltado as crianças que estreou em 29 de novembro de 1969, com os humoristas Lilico e Rony Cocégas, entrando no ar às 18h e permanecendo meia hora na grade dos sábados. O programa de estreia homenageou os 1000 gols de Pelé, como se vê no anúncio ao lado. Saiu do ar em 28 de fevereiro de 1970.













TOPO GIGIO ESPECIAL
O ratinho lançado no programa de auditório "Mister Show" fez tanto sucesso que angariou um programa só seu, estreando em 28 de novembro de 1970, aos sábados, sempre às 13h30. Suas histórias eram orientações às crianças para suas obrigações cotidianas, como escovar os dentes ou fazer orações. Comum eram participações de artistas, como Elizangela e o grupo TheFevers. A mais recorrente era a de Agildo Ribeiro, sempre cantando cantigas da época com o ratinho. Sempre ao encerrar o programa, Topo Gigio aparecia de pijama para dar um boa noite cinderela nas crianças. Saiu do ar em 6 de fevereiro de 1971.


LINGUINHA X MR. YES
Estreando em 11 de outubro de 1971, Chico Anysio protagonizava esse seriado que tinha apenas 8 minutos: era exibido entre o Jornal Nacional e a novela das 8, O Homem Que Deve Morrer (mais precisamente às 20h). Chico interpretava Harrey Carrey do Nascimento, um homem comum que se transformava em super-herói ao colocar a língua pra fora, daí o nome Linguinha. O grande inimigo, como o próprio título sugere, era o Mr. Yes, personagem de Luiz Delfino, que tinha várias gangues a seu serviço (Uma delas era a Marajoaras, liderada por um chefe cruel, interpretado por Iran Lima). O objetivo principal do vilão era dominar o mundo com a poluição do ar. Vários outros personagens rondavam a história, como o velho hippie Lingote, pai de Linguinha, interpretado pelo próprio Chico Anysio, tendo características únicas: viciado em vitaminas, gostava das músicas de Valdick Soriano e Carlos Galhardo, tomava elixir paregórico e misturava sal de frutas com leite de magnésia. Tinha como bordão a frase: "Bateu pra tu?". Grande Otelo marcava presença no elenco, usando uma peruca arrepiada: ele interpretava Cassius Ali, um homem que elaborava truques dos filmes de James Bond. Nizo Neto, filho de Chico, fez uma ponta como um menino de rua. Jorge Lorêdo, o famoso Zé Bonitinho, também esteve no seriado, como um bandido que repetia 5 vezes a mesma frase. Linguinha era um bom exemplo: não brigava ou matava, nem portava armas. Nunca saía de casa sem escovar os dentes, tomar banho e pentear os cabelos. A audiência correspondeu positivamente e a repercussão foi além das expectativas: o gesto da língua era repetido a todo momento pelas crianças, além de um lançamento de trilha sonora do programa, em vinil (lógico), contendo 12 faixas, cantadas pelos mais diversos artistas. Uma curiosidade interessante: a cenografia se virou como pode para produzir as máquinas que eram usadas por Mr. Yes afim de concretizar seus planos, guardar num laboratório sempre reabastecido de novas engenhocas. Também era gasto muito gelo seco, simulando a fumaça poluída que dominaria o mundo. Com redação de Arnaud Rodrigues e direção de João Lorêdo, o seriado teve seu último capítulo em abril de 1972.

IMAGENS DE Memória Globo, InfanTV, blog Daileon e januzzi.net
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domingo, 7 de janeiro de 2018

"Alguém avisa pro Carlos Monforte que já inventaram o videotape"


Abertura do 1º Bom Dia Brasil
O Bom Dia Brasil estreou em 3 de janeiro de 1983 às 7 da manhã. Com a palavra, Carlos Monforte (foto mais abaixo). Eis as primeiras falas do apresentador: "Bom dia Brasil. Está começando nesse momento o primeiro programa telejornalístico apresentado dos nossos estúdios em Brasília para todo o Brasil. Este programa nasce com o novo Brasil, um Brasil mais polêmico, mais democrático, que surgiu das urnas de 15 de novembro. Toda manhã bem cedinho, de segunda a sexta-feira estaremos aqui com as notícias, e as pessoas que são notícia". Após este breve "prefácio", o mesmo anuncia as pautas do dia. Entre elas, uma que seria uma grande tradição do programa em seus primeiros anos: o café da manhã com personalidades da época que estivessem na capital. Na estréia, 8 minutos de perguntas do repórter Carlos Henrique para o então presidente João Figueiredo. Foi a última pauta daquele dia. No primeiro ano de programa, foram mais de 700 entrevistados.

Carlos Monforte na apresentação do 1º programa
As entrevistas eram trabalhosas de serem feitas. Por volta das 6 horas da manhã ou até mesmo antes, os repórteres do programa já desembarcavam na casa do entrevistado do dia. Virou praxe os políticos que seriam a atração do quadro organizarem uma mesa cheia: Bandejas de frios, cascatas de frutas, montanhas de pães, rios de geleias, pirâmides de flores (Almanaque da TV Globo, 2006). As equipes de reportagem se viam obrigadas a retirar as extravagâncias do banquete para iniciar as gravações. O 1º programa contou também com o deputado Jorge Cury, esse em estúdio, para uma conversa sobre o PTB. Além disso, uma reportagem sobre a cidade de Brasília e fortes chuvas em Minas Gerais. Parece pouco - e realmente é. O Bom Dia Brasil tinha meia hora para apresentar tudo que estava repercutindo na capital. Uma curiosidade é que como na época o IBOPE só media os números a partir das 8h da manhã, não se pode saber quanto a atração nova marcou.

Presidente Figueiredo no 1º programa
A linguagem do Bom Dia Brasil apostou na informalidade, o que na época foi algo realmente inovador. De uma forma mais didática, o telejornal explicava ao telespectador com um vocabulário mais popular as questões políticas e econômicas que eram abordadas. Carlos Monforte dividia a função de apresentação com a de editor-chefe. Os comentários de economia ficavam por conta de Marcelo Netto, e a política nas conversas de Antônio Britto e Álvaro Pereira. A previsão do tempo para todos os estados e o movimento nos aeroportos também marcavam presença.

A primeira vez que o Bom Dia Brasil não foi apresentado em Brasília foi justamente motivada pela política. No dia 18 de abril, o presidente Figueiredo decretou medidas de emergência no Distrito Federal e 10 cidades de Goiás (maiores explicações não vem ao caso nesse post). Junto da emenda Dante de Oliveira, que tinha como objetivo restabelecimento de eleições diretas no Brasil, foi declarada censura prévia às emissoras de rádio e televisão, proibindo transmissões ao vivo sobre tais atos. Sendo assim, a equipe do Bom Dia Brasil se transferiu por apenas um dia para Minas Gerais em 25 de abril (dia em que a emenda seria votada), levando junto dois entrevistados.

O programa também fazia entradas ao vivo. Em 1985, por exemplo, na fachada do Hospital de Base, alertando sobre as últimas notícias do estado de saúde de Tancredo Neves.

Em 1987, o Bom Dia Brasil ganha nova abertura e arranjo musical

Em 1991, Carlos Monforte deixou o Bom Dia Brasil. No seu lugar, Antônio Augusto, que permaneceu até 1993, quando o programa completou 10 anos. Não foi só ele que passou por essa fase na apresentação: há registros de Mônica Waldvogel na mesma bancada (foto mais abaixo). Marca do telejornal também foi o telefone vermelho, que pode ser visto na foto ao lado, que era usado para comunicação com correspondentes internacionais. Na mudança aos 10 anos, ele continuou, agora sob o comando de Luís Carlos Braga. O cenário mudou, e agora o apresentador poderia dividir a tela com 2 entrevistados.

Em 1º de abril de 1996, o Bom Dia Brasil mudou totalmente. A sede do telejornal passou da capital para o Rio de Janeiro. A política perdeu espaço: Cultura, comportamento, dicas de moda e gastronomia foram integrados ao programa. O projeto, segundo o diretor da CGJ (Central Globo de Jornalismo) Evandro Carlos de Andrade, era transformar o Bom Dia Brasil em uma "revista matinal", mais leve e descontraída. Renato Machado foi o apresentador e editor-chefe da nova fase, junto de Leilane Neubarth. Mais mudanças: A ida do telejornal para o horário das 7h30, e ganhando mais meia hora de arte, ficando assim com 60 minutos. Outro ganho foi uma sala de estar no cenário. Originalmente Renato Machado propôs apresentar o telejornal apenas na tal sala, mas para não deixa-lo informal demais, Evandro (o mesmo da CGJ) permitiu o cômodo de forma que a bancada continuasse no cenário: e assim se fez. A bancada era usada para apresentação de notícias, e a sala, nas entrevistas. Em 1998, a sala passou a ser usada nas apresentações de matérias também.

Os novos cenários do Bom Dia Brasil

Em 2000, o cenário integrou a sala e a bancada. De São Paulo e Brasília, falavam José Roberto Burnier e Cláudia Bomtempo, respectivamente. Em 2002, Renata Vasconcellos substituiu Leilane Neubarth e Mariana Godoy passa a ancorar de São Paulo. Em 2004, o jornal voltou a investir mais na política e na economia, sem deixar de comentar assuntos culturais e esporte, com entradas ao vivo no escritório da Globo em Nova Iorque. Novos movimentos de câmera foram testados no telejornal.

A abertura mudou ainda em 2000, e até hoje mantem o mesmo modelo. Acima, a logo do ano supracitado. Mais tarde em 2007, viria uma nova versão, desta vez com o fundo mais alaranjado. Em 2004 o telejornal apresentou sua primeira "série de reportagens", chamada Dança Brasil. Foram 4 matérias sobre os ritmos e as origens do carnaval.

Imagens: Memória Globo, Pedro Janov (YouTube), Dilermando Dias (YouTube), Gui de Televisão (YouTube)
Infos: Acervo Folha de SP, Acervo Jornal do Brasil, Memória Globo, Almanaque da TV Globo

sábado, 9 de dezembro de 2017

TV Pirata: A biografia não autorizada


De 1981 até 1987, Jô Soares ocupou o horário nobre pós-novela das 8 das segundas-feiras, na Globo. O seu programa, Viva o Gordo, se tornou rapidamente um sucesso. Os tipos do humorista de peso - com o perdão do trocadilho - fizeram milhões de espectadores caírem na gargalhada, tendo até merecido um DVD duplo, lançado em 2009 pela Globo Marcas. Mal o mês de outubro de 1987 começara, quando Jô Soares acertou sua ida para à TVS, o hoje SBT. A chegada na nova emissora foi tamanha, que Silvio Santos chegou a interromper o telejornal Noticentro para anunciar a contratação do humorista, no dia 23 de mesmo mês. Além de continuar com seu programa de humor tradicional (que viria a se chamar Veja o Gordo), ele também apresentaria um talk-show (Jô Soares Onze e Meia).

A saída não foi tão imediata. Jô cumpriu com seu contrato na emissora dos Marinho: permaneceu por lá até a apresentação do último Viva o Gordo, em 15 de dezembro de 1987. Uma possível vingança da Globo teria acontecido nesse meio tempo: A exibição da edição de 2 de novembro de 1987 do Viva o Gordo teria sido cancelada sob a justificativa de ser dia de finados (Embora em 1981 e 1985, Finados tenha sido em segundas-feiras e não houveram mudanças na grade) e realocar Jô excepcionalmente na terça. De qualquer forma, uma nova atração de humor teria que dar as caras na Globo, para não deixar o gênero desfalcado na emissora.


A ideia de Guel Arraes era traduzir para a televisão um humor já muito comum no Rio de Janeiro, como o do Teatro Besteirol. Os 10 atores do TV Pirata, em sua formação original de 1988 (listados a seguir em ordem alfabética: Cláudia Raia, Cristina Pereira,  Débora Bloch, Diogo Viela, Guilherme Karan, Louise Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Marco Nanini, Ney Latorraca, e Regina Casé) não eram humoristas, e sim atores. 

Eles davam vida as mais variadas situações e personagens vindas dos textos de, entre outros, Patrícya Travassos, Luis Fernando Verissimo, Miguel Falabella, Pedro Cardoso (sim, o Agostinho d'A Grande Família), Felipe Pinheiro, Cláudio Paiva (esse também a cargo da redação final), Mauro Rasi, Vicente Pereira e o pessoal do Casseta & Planeta (mais abaixo). Tudo sob direção do 1º nome citado neste paragráfo, recém saído de 3 temporadas de Armação Ilimitada. O projeto foi aprovado. Ali se iniciava o TV Pirata.


Até 1988, o humor que o brasileiro estava acostumado a assistir na TV, ou ouvir no rádio, seguia uma linha repetitiva: diferentes personagens, cada qual com seus trejeitos e falas diferentes. De acompanhamento, a claque: as risadas ao fundo enquanto as piadas vão sendo encenadas. Em 1977, os estudantes de engenharia Beto Silva, Hélio de la Peña e Marcelo Madureira (na época ainda sem a alcunha atribuída a eles na linha anterior) criaram o "jornal Casseta Popular". A publicação era uma resposta ao movimento estudantil da época, rançoso e "rabugento". E também uma maneira de puxar papo com as garotas da universidade. Segundo Hélio de la Peña, houve uma vez em que "O pessoal do MR-8 se sentiu muito incomodado e entrou numa de querer transformar a Casseta num jornal “dos estudantes”. Tanto que uma vez a gente saiu para o recreio e no mural de avisos havia uma convocação de reunião de pauta da Casseta Popular. Como assim?! Aí os caras disseram: “Se é dos estudantes, é de todo mundo, todo mundo tem direito”. Fomos logo avisando que ninguém tinha direito a nada e os caras foram chamando a gente de autoritário." (Mundo Estranho, 03/2005). Mas não era tão fácil manter a periodicidade do jornal: era necessário vender tudo de um número para produção do próximo. Em 1980, a convite dos integrantes originais, Bussunda e Cláudio Manoel vieram dar um reforço a turma. A 1ª publicação com a participação de Bussunda foi polêmica: após um acidente aéreo da VASP (que deixou 137 mortos com a queda de um boeing), a capa da "Casseta" trazia recortes de partes do corpo humano seguidas da legenda: "Monte aqui seu passageiro da VASP". O lançamento foi um grande alarde: praticamente uma invasão na UFRJ, meia dúzia de barbados em trajes circenses marchavam em torno de uma banda de baile de carnaval (Bussunda, A Vida do Casseta, 2010).

Desde 1974, o cartunista Reinaldo Azevedo publicava n'O Pasquim suas obras. Em 1978, foi a vez da estreia de Hubert. Em 1984, eles se juntaram com Cláudio Paiva, outro redator e cartunista d'O Pasquim, e lançam o tablóide mensal "O Planeta Diário". Como colaboradores, o pessoal da "Casseta". Posteriormente, a editora d'O Planeta" serviria para a outra trupe. Em outubro de 1987, Hubert, Marcelo Madureira e Reinaldo criaram e roteirizaram o especial "Wandergleyson Show"“Finalmente um Programa de Humor Engraçado”, foi a chamada provocativa e ousada para o Wandergleysson Show, que foi ao ar no dia 13 de dezembro, tendo como protagonista o ator até então quase anônimo, Luiz Fernando Guimarães, conhecido apenas como “aquele que aparece nos comerciais da Caixa Econômica Federal”. (Casseta.com.br). A fórmula de esquetes rápidas e diversificadas junto a paródias de televisão seria reutilizada no ano seguinte, no TV Pirata. A fita do especial foi assistida por Boni. Ele gostou do que viu e prontamente chamou as duas turmas para participar da redação do programa citado anteriormente. A fusão dos dois grupos também ocorreria em 1988, com o show musical "Eu Vou Tirar Você Desse Lugar". No mesmo ano, lançaram a candidatura do Macaco Tião - um  chimpanzé de verdade - para a prefeitura do Rio. O macaco chegou a alcançar o 3º lugar nas eleições. Em 1989, lançaram o disco "Preto Com Um Buraco no Meio", com o sucesso "Mãe é Mãe", composição que irritou as feministas daqueles tempos. O álbum fez sucesso da mesma maneira.

Logo do Wandergleyson Show.
Merece destaque também, o grupo "
Asdrúbal Trouxe o Trombone", um grupo de teatro jovem, definido pela desconstrução da dramaturgia, a interpretação despojada e a criação coletiva, idealizado pelos futuros atores de Cambalacho Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé, utilizando da improvisação e dos recursos físicos próprios para interpretar as personagens. Sua referência também foi influente no formato do TV Pirata.






1988
Na noite de 5 de abril de 1988, entrou no ar o 1º programa do TV Pirata. Tudo era novo na televisão: não tinha claque, não tinha um segmento correto. Era necessário prestar atenção: o detalhe de 20 segundos atrás pode ser necessário para o entendimento da piada agora. Neste 'piloto' foram exibidos um total de 33 quadros e esquetes. A audiência correspondeu bem, e se manteve estável na casa dos 30 pontos pra cima no resto do ano. Mas nem tudo eram flores: apenas 2 programa depois da estréia, a novidade global sofreu críticas dos principais humoristas do país. "Meu programa é feito de esquetes longos e rápidos, e não sei em que muda a estrutura quando eles fazem esquetes rápidos e longos que se alternam. Não vejo nada de novo nisso", declarou Jô Soares para a Folha de S. Paulo de 17 de abril de 1988. Ainda, na entrevista, ele confessou não ter assistido o programa nas 2 vezes em que o mesmo foi apresentado. Agildo Ribeiro, concorrente direto do TV Pirata no horário de exibição, comentou que "O humor do TV Pirata deverá viver do bom trabalho dos atores, da direção e, principalmente, dos redatores". João Kléber não gostou do que viu: "Em determinados quadros, fica-se sem saber o que vai rolar, fica indefinido", disse. "Para João Kleber, o que falta no TV Pirata é humorista. 'Não importa quem seja', porque no duelo entre um humorista e um ator, o primeiro leva vantagem, diz ele". Mas isso não afetou o programa em nada. Afinal, como dito no anúncio de página inteira, publicado pela Globo na Folha de S. Paulo do mesmo dia: "Não dá pra ver a concorrência. Nem de luneta". A própria Hebe disse que achou o TV Pirata "uma gracinha".

Tudo ia muito bem quando alguns problemas começaram a atravessar o sinal da TV Pirata. No programa nº 8, exibido em 24 de maio de 1988, a atriz Cristina Pereira participou de uma esquete, onde satirizava o jingle da companhia aérea VASP. Com imagens de aviões caindo, a música seguia: "Atenção, você com estas malas na mão/ encomende o seu caixão/ não perca este avião/ você indo pelo ar, com quem bota pra quebrar". Por fim, o locutor Ciro Jatene em off diz: "Terroristas aéreos palestinos: voe pelos ares com a gente". Segundo nota no Jornal do Brasil, em 27 de maio de 1988, "O presidente da Vasp, Sidney Franco Rocha, assistiu ao programa TV Pirata, da Rede Globo, na última terça-feira e, entre surpreso e perplexo, não gostou do que viu. Franco da Rocha chegou a pensar em processar a Rede Globo por causa de uma paródia que os redatores da TV Pirata fizeram com o jingle promocional da Vasp, composto por Théo de Barros. (...) Para o presidente da Vasp, o quadro da TV Pirata é uma "sátira de mau gosto, que abalou a imagem da empresa". Franco da Rocha chegou a pedir que sua assessoria jurídica estudasse uma forma de processar a Rede Globo. Mais cautelosa, a SGB, agência de propaganda responsável pelo comercial, vai pesquisar os danos que a paródia pode ter causado à Imagem da companhia aérea para tomar alguma decisão". Nada de maiores consequências.

1 mês e meio depois, mais problemas. Segundo o Jornal do Brasil de 12 de julho de 1988, "Das duas uma: ou a Globo corta do humorístico TV Pirata a minissérie "Hospital de Base", com estréia anunciada para o programa desta noite ou terá que responder, depois, a uma ação penal por calúnia e difamação. O ultimato é do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, que entrou ontem com um pedido de liminar na Justiça, para a suspensão do quadro que ironiza o Hospital de Base de Brasília (...) Apontado como tentativa de modificar a desgastada fórmula dos programas humorísticos da televisão brasileira, o TV Pirata não está sendo original ao satirizar o Hospital de Base. Antes, Jô Soares já havia internado lá um de seus personagens. A má fama nacional do hospital começou a partir da via crucis de Tancredo Neves, internado com uma diverticulite no dia 14 de março de 85, véspera de sua posse na Presidência da República, e falecido cinco semanas depois, no Instituto do Coração, em São Paulo, vítima de infecção generalizada". A Globo acabou cedendo, e mudou o nome do quadro para Hospital Geral. Sem maiores problemas, a esquete ficou até o fim da temporada 88 do programa.

Nem tudo são problemas. Personagens de sucesso trilharam na temporada 1988 do TV Pirata. Gulherme Karan foi inesquecível como Zeca Bordoada, o rabugento apresentador do "TV Macho", paródia do "TV Mulher". Sempre com respostas na ponta da língua para seus convidados, ele terminava o quadro, na maioria das vezes, de uma forma inesperada: quebrando a câmera, e o câmera. O velhinho Barbosa, interpretado por Ney Latorraca também merece menção. O tarado totalmente esclerosado, com um bico cada dia maior, só abria a boca pra repetir a última palavra dita por outra pessoa. Beijava na boca a filha e a socialite vilã da novela Fogo no Rabo (paródia da novela "Roda de Fogo", exibida 2 anos antes): outro quadro de grande repercussão. O galã Reginaldo, interpretado por Luiz Fernando Guimarães era o motivo de disputa entre Penelope, a tal socialite vilã (vivida por Cláudia Raia) e a filha pobre de Barbosa, Nathália (vivida por Débora Bloch). Para conquista-lo as duas chegavam a apelar até pra macumba! Detalhe marcante: Ao pronunciar o nome do galã da novela, Reginaldo, tocava-se ao fundo o refrão "Como Uma Deusa...", sucesso na época, presente na trilha nacional de Mandala. Lembremos também da lésbica Tonhão, vivida por Cláudia Raia, no quadro "As Presidiárias". Um papel um tanto quanto incomum para a atriz, sempre acostumada a viver o tipo "sex symbol". Deixo por fim, a abertura original do TV Pirata, que marcou época: um bando de piratas invadem uma emissora de TV, fazem a maior bagunça, e por fim conseguem invadir o sinal, colocando a fita de sua programação.


Tamanho sucesso levou Regina Casé a ser capa
da edição de 27 de julho de 1988 da VEJA.

O 1º ano do TV Pirata contou com 38 episódios, sendo 3 deles temáticos, o nº 17 tratou exclusivamente sobre violência, o nº 30 teve quadros focados somente em músicas, e o nº 38, especial de Natal, com uma hora e dez minutos; Meia hora mais longo que os programas normais. Além disso, teve 2 programetes de 35 minutos cada, com os melhores momentos do ano, exibidos em 27 e 28 de dezembro de 1988, intitulados de "As 14 Mais". Com ótimos indicies de audiência, fechando uma média de 37 pontos naquele ano, e picos de 44, o TV Pirata foi confirmado para o ano seguinte.



        






1989
O 2º ano do TV Pirata chegava em 28 de março de 1989. As novidades já eram previstas pelo Jornal do Brasil, em 6 de fevereiro daquele ano: "Reginaldo, Agronopoulos, Zeca Bordoada, Tonhão, Detetive Pestana, Natália e tantos outros personagens consagrados do "TV Pirata", no ano passado, vão ficar na saudade. Foram todos definitivamente arremessados ao lixo, sem dó nem piedade. Maluquice da equipe do programa? Claro que não. O que "TV Pirata" quer, na verdade, é entrar em 1989 surpreendendo os telespectadores, totalmente nonsense e irreverente como sempre foi. Por isso, nenhum quadro já conhecido do público, ainda que tenha sido um retumbante sucesso, será repetido. A única menção honrosa vai para Barbosa, o velho babão repetitivo da novela "Fogo no rabo", brilhantemente encarnado por Ney Latorraca. Sua fugaz e solitária aparição ocorrerá no terceiro "TV Pirata" do ano, com um programa de entrevistas: "Barbosa nove e meia". - A regra, a gente já sabe qual é argumenta Cláudio Paiva, o redator do programa. - Sabemos que dá certo. O bom é descobrir outras coisas, mostrar ao público que o programa tem movimento. (...) Se no ano passado um dos grandes marcos do programa foi a novela "Fogo no Rabo", agora, será a vez de "Rala Rala", uma novela rural. O índio Cleverson (Luís Fernando Guimarães) é o último descendente da tribo dos "Rala Rala", exterminada pela malvada Dona Menina (Cristina Pereira), integrante da UDR. Cleverson luta pelo seu direito à terra e, na cidade de Trubuçu do Norte, com um clima bem faroeste-tupiniquim, os conflitos mais absurdos podem acontecer. Um dos problemas é a falta de professoras e a saída é encomendar uma, na cidade grande. Quando ela chega, porém, descobre-se que sua única vocação é para o ensino de educação física. Burrinha, mas "boazuda como a Barbie", segundo Paiva, Danielle Aparecida (Débora Bloch) vai penar. (...) Mas a novela ainda trará uma nova atração: a integração do ator Pedro Paulo Rangel à equipe de TV Pirata. Pedro entra na vaga deixada por Marco Nanini, e será o Dr. Lúcio, um veterinário-psicanalista que tem como paciente Suely (Louise Cardoso), a filha retardada de Dona Menina. Todo o elenco de "TV Pirata" estará em "Rala Rala" que, pelos novos planos, deve durar bem menos de um ano. - A idéia é fazer pelo menos duas novelas por ano - adianta Paiva, que também anuncia a entrada de novas minisséries no ar, igualmente mais curtas". 
     
A novela Rala Rala foi realmente curta: em julho de 1989, já tinha acabado, para no mês seguinte dar lugar a próxima atração: "Prisão de Ventre". O 1º programa do ano foi intitulado de "Milionário Esperança", uma sátira ao show beneficente "Criança Esperança". Na temporada 1989 não faltaram episódios temáticos: o 5º do ano foi uma sátira ao filme "Janela Indiscreta", intitulada "Janela do Espanto |||", e mais tarde vieram especiais sobre "Sexo" e "Cinema". No decorrer da temporada, Regina Casé e e Ney Latorraca tiveram de se afastar do programa. Ela, por licença maternidade. Ele, por motivos desconhecidos.

1990
A temporada 1990 do TV Pirata prometia: a abertura daquele ano foi gravada e editada em Miami. Saía Cláudia Raia, Louise Cardoso e Ney Latorraca para darem lugar a Denise Fraga, Maria Zilda Bethlem e ao retorno de Marco Nanini. Mas dançou: o lançamento do Plano Collor dificultou as cotas comerciais dos intervalos (a TV Pirata passou de 4 pra 3), e a concorrência com Pantanal foi tirando pontos de toda a linha de shows da Globo, que trazia novidades naquele ano, como Linha Direta e Delegacia de Mulheres. Além disso, uma troca de dias na linha de shows foi desfeita: o Globo Repórter chegou a ser exibido nas terças por 2 meses, e o TV Pirata, das terças foi pras quintas. Tudo desfeito na última semana de maio, mas sem efeito nenhum. A Globo chegou a trocar o programa por minisséries, filmes, programas especiais, mas não deu jeito: após 14 programas, o TV Pirata chegava ao fim, em 31 de julho de 1990. Mas uma mudança de planos antecipou o final do programa, que acabou sendo em 24 de julho de 1990, uma semana antes do previsto. O roteiro do que seria o programa do dia 31 foi originalmente rasgado, refeito e falaria sobre drogas. Foi gravado, editado, mas acabou engaveto, sendo nunca exibido na telinha. A Globo chegou a pensar em retornar com o programa em novembro, mas isso não aconteceu. O destaque do ano ficou com a novela "A Perseguida", que nem chegou ao fim.

1992
Após uma pesquisa sobre qual programa de humor os brasileiros mais sentiam falta, o TV Pirata ostentava 1º lugar. A Globo então, decidiu retomar com o projeto, mas dentro da Terça Nobre, sendo assim com periodicidade mensal. Outro programa, "fruto" do TV Pirata e que havia sido exibido na Terça Nobre em 1991, foi o Dóris Para Maiores, com o pessoal do "Casseta & Planeta", agora em frente as câmeras. Em 1992, finalmente eles estreavam seu programa solo, com o nome do grupo, também na Terça Nobre, mas continuavam como redatores do novo TV Pirata. Agora o programa teria um tema a cada mês, e no elenco entravam Antônio Calloni, Marisa Orth e Otávio Augusto, este último recém saído de Vamp. Do elenco original, restavam apenas Débora Bloch e Guilherme Karan. Segue a lista dos programas exibidos neste ano:

21/04/1992 | Episódio 1 - Escândalo!
12/05/1992 | Episódio 2 - Humanidade
09/06/1992 | Episódio 3 - Internacional
07/07/1992 | Episódio 4 - Quem Matou Barbosa? [reprise 02/03/1993]
11/08/1992 | Episódio 5 - Sessão da Tarde
15/09/1992 | Episódio 6 - Amor
20/10/1992 | Episódio 7 - Os Sete Pecados Capitais
17/11/1992 | Episódio 8 - Nitroglicerina Pura [reprise 05/01/1993]
08/12/1992 | Episódio 9 - Capítulo Final [reprise 30/03/1993]

Infelizmente, o programa não garantiu vaga na programação de 1993, e foi limado da programação de vez. Foram 101 programas que marcaram época.

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     REPRISES NO BRASIL
     O TV Pirata ganhou um espaço muito forte dentro da televisão brasileira, e muitas vezes acaba sendo reprisado nas mais variadas ocasiões.

NO MULTISHOW, EM 2005
Em comemoração aos 40 anos da Globo. Foram reexibidos os 34 primeiros episódios de 1988, alguns com cortes de esquetes.

NO CANAL VIVA, EM 2011
A temporada 1988 infelizmente tem vários episódios pulados, inclusive o primeiro. Na semana seguinte à exibição do programa original de 10/07/1990, a reprise voltou para o de 12/04/1988, e se encerrou com o especial de melhores momentos de 1989 (19/12/1989).

NOVAMENTE NO CANAL VIVA, EM 2016
A temporada 1988, novamente com os mesmos episódios pulados na exibição de 2011.

NO VÍDEO SHOW
Nas mais diversas ocasiões ocorrem reprises de esquetes soltas, ou de quadros que possuíam continuidade.

DVDs
A Globo Marcas lançou 2 DVDs duplos do TV Pirata, e 1 disco extra:

TV PIRATA (DUPLO) - 2004
As melhores esquetes do TV Pirata. No 1º disco, uma seleção dos melhores momentos do programa. No 2º, a novela "Fogo no Rabo" completa e os episódios de "O Segredo de Darcy", esquete de 1990. O 1º disco foi relançado em 2005 sob o título de AS MELHORES PIADAS.

TV PIRATA NOVELAS - 2014
Edição com as novelas da TV Pirata em 2 discos: "Fogo no Rabo", "Rala Rala", "Prisão de Ventre" e "Sabrina, os Diamantes Não São Para Comer". Como extras, "A Perseguida" e "Rainha da Mamata", ambas da derradeira temporada de 1990.